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Sedução através do olhar

Imagens recortadas de um cotidiano afogado pelas horas, em meio ao caos das grandes cidades. Intensamente, se depositam na superfície da tela, intensamente, se revelam nas cores; na luminosidade das cenas, nos gestos ou mesmo na postura de seus personagens. Imagens carregadas de ares da juventude que através deles se entregam fortemente à vida, ao aparente, à promessa do gozo. Se apresentam como vitrines urbanas onde as imagens expostas permanecem dúbias e como em um jogo de sedução, mostram sem se mostrar, se entregam assim à “beleza de um artifício”. A luz refletida em seus corpos inunda as cenas com fulgor, simultaneamente, despe seus personagens para brancamente vestir-lhes a aparência. Apoderam-se da dúvida para exercer seu fascínio como no encantamento próprio dos segredos. Mascaram-se no quadro por meio dos adereços de seus personagens, são insinuadas nas poses de seus modelos. Escondem sua identidade através do recorte da cena que foge à pintura ou mesmo no gesto furtivo que nega a face aos olhares do espectador. Dissolvem-se por entre os filtros em que são tratadas essas imagens para mergulhar no universo envolvente e fugaz das grandes cidades. Pois há na sedução, a beleza do mistério que nos desvia dos lugares em que habitamos por motivos desconhecidos, afinal, “o enfeitiçamento se faz daquilo que está oculto” (BAUDRILLARD, 2008, p.87).

 Fernanda Melo,

artísta plástica graduada em pintura pela EBA-UFMG, 2013

Óleos e Acrílicas

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