
Relato do historiador e artista visual
A deriva sempre se revela como uma atividade transformadora. Na deriva coletiva do dia 22 de fevereiro eu pude perceber alguns elementos do cotidiano: o movimento das árvores ao vento, o contraste entre o concreto e o verde, o modo como a chuva deixava marcas nas ruas, a luz nas fachadas dos prédios, o som ambiente das ruas e as conversas nas calçadas e varandas, entre outros.
Neste dia, eu fotografei tudo aquilo que chamou a minha atenção. Para mim, não se tratava de encontrar um lugar ou monumento especial, mas de reconhecer o espaço ao redor como um lugar com significados que poderiam ser revelados por um olhar disposto a buscar os seus matizes poéticos mais sutis. Na deriva, uma conexão com os espaços foi estabelecida, como se eu fosse parte de uma narrativa maior, mais fluida e menos linear. Dela surgiram 4 grupos de fotografias que não possuem ordem de importância, são essas: Cabeças diabólicas, Espelhos, Cartografias urbanas e Veias.
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Paris, France, Fevereiro de 2025.